Em outubro de 2002 o mundo acompanhou apreensivo o desenrolar dos crimes que ficaram conhecidos como “Beltway Snipers Attack“. Dirigindo um chevrolet caprice 1990 pelo anel viário dos arredores de Washington, John Muhammad e Lee Malvo utilizaram o rifle bushmaster XM-15 para matar 10 pessoas e ferir gravemente 3 da maneira mais aleatória possível, espalhando o medo e o caos em uma população ainda traumatizada pelo fatídico 11 de Setembro.
John foi condenado à pena de morte e executado em 2009 com uma injeção letal e Lee Malvo cumpre prisão perpétua na Virgínia, sem liberdade condicional.
O objetivo de Alexandre Moors, diretor estreante, não é recriar os fatos de uma maneira documental ou tornar os assassinatos algo cinematográfico, mas sim, tentar entender o porquê.
Lee Malvo, garoto solitário de 16 anos residente em Antigua e Barbuda, tinha acabado de ser abandonado pela mãe quando conheceu John. Este também enfrentava problemas familiares, já que havia perdido a guarda dos filhos e foi judicialmente impedido de vê-los. A aproximação dos dois foi natural, culminando com a ida de Lee para os Estados Unidos.
Os dois passam a viver como pai e filho, mas logo percebemos que tal relação não é normal. John parece treinar o garoto para alguma tarefa, com lições de direção, tiro ao alvo e corridas exaustivas pela região. Além disso, John investe em uma lavagem cerebral, fazendo o garoto acreditar que eles fazem parte de um sistema podre em que todos estão contra eles.
No meio de um mercado, da maneira mais sinistra possível, John fala sobre a missão que eles tem pela frente: matar 6 pessoas por dia, aleatoriamente, mulheres, crianças, idosos, mulheres grávidas. Para quê? Para tornar o medo algo palpável para todos e para quebrar o sistema.
A frieza da conversa deixa tudo ainda mais chocante. Outro momento que expõe os notórios problemas psiquiátricos de John é quando ele diz que não é maluquice matar pessoas, pois fazem isso todo dia.
Aproxime um garoto mentalmente influenciável e dono de uma mira perfeita com um homem com transtorno de personalidade, psicótico, vingativo e a facilidade de se conseguir armas. O resultado está em Blue Caprice. A violência é algo perturbador por si só, mas o que vemos aqui é barbárie.
O diretor Alexandre Moors opta por contar e história através de um ritmo mais lento, contemplativo, construindo a trama de maneira paciente e aumentando a intensidade aos poucos, até chegar no limite no ato final. Tudo isso permeado por um tom bem melancólico e fatalista, afinal estamos diante de uma história real, triste e recente. Alexandre Moors demonstra inteligência na maneira de retratar alguns dos assassinatos, nos deixando quase tão perdidos como as vítimas. Os tiros simplesmente parecem surgir do além.
Este é um dos filmes mais interessantes e corajosos do ano. Blue Caprice não é apenas cinema de qualidade, mas também um lembrete de quão atroz o ser humano pode ser.
9/10
VocÊ me deixou muito interessado man, parabéns hahaha
ahha valeu, a ideia era essa!
Missão cumprida. Acabei de assistir, que filme poderoso hein? Eu não conhecia tal história antes de ver o filme (na qual ele se baseia) e isso me deixou ainda mais surpreso e “perdido” já que, no início, parece apenas uma história banal de um cara ajudando um garoto “órfão”.
Então tudo começa a se montar e vemos o ser psicótico que é o “pai” do garoto que vai na onda, inocente, assimilando tudo o que lhe é “ensinado”.
Como criar um monstro, deveria ser o título do filme hehehe.
rapaz, título bem apropriado, hein? estou com vontade de rever, este filme me impressionou muito!
Também não conhecia o filme, mas fiquei bem interessado em conhecer. Parabéns pelo ótimo texto!!!
valeu celo, grande filme!
Sinceramente, nem me recordo muito bem desse caso, mas o filme soa interessante. Assim que puder vê-lo, fá-lo-ei. Valeu pela dica.
descobri pelo metacritic. parece que em breve estreia no brasil… mas tá disponível por ai, se é que me entende! hehe
Também fiquei bem motivada para ver esse filme! Excelente texto!!!
valeu!!
Assisti ontem ao filme… foi um enredo mais para entender alguns por quês daquele fatídico momento.
O interessante é que se uma pessoa não sabe do verdadeiro acontecimento ficaria um pouco perdido no final… um filme interessante, num ritmo lento… Para mim nota 6,5