Napoléon, épico do cinema mudo do visionário diretor Abel Gance, foi lançado em um período que marca o início da transição para o cinema falado. A ideia original era a realização de seis filmes biográficos sobre Napoleão Bonaparte. Só este primeiro capítulo possuía seis horas em sua versão original, imaginem só. Infelizmente, o projeto não foi para frente pela baixa receptividade do público e apenas um filme foi produzido. Existem algumas versões dele disponíveis por aí e eu acabei assistindo a de 5 horas e meia. Posso dizer que este é o filme mais longo que já vi, naturalmente.
O primeiro aspecto de Napoléon que deve ser exaltado é a ambição do projeto. Tudo aqui é em grande escala. São milhares de figurantes, vários cenários, cenas de ação e uma enorme duração. Uma biografia de um personagem histórico como Napoleão exige uma superprodução e é isso que Abel Gance nos oferece.
Chamar Abel Gance de visionário está longe de ser um exagero. São várias as inovações técnicas que podem ser observadas ao longo do filme, como o uso da câmera na mão, alguns efeitos especiais, montagem acelerada, divisão da tela em três e closes bem fechados. Só por isso já valeria a pena, mas o roteiro também merece elogios por conseguir nos manter interessados na maior parte do tempo.
Tudo começa com o Napoleão ainda criança e já demonstrando uma essência beligerante ao participar de uma guerra de bola de neve. Não ficam de fora também cenas em que ele sofre na mão de outras criança sem perder o orgulho e o espírito agressivo.
Vários momentos chaves da Revolução Francesa são recriados e muitos nomes importantes são mostrados, como Marat, Danton e Robespierre. Ainda que muita coisa seja idealizada, todos que gostam de História ficarão fascinados.
Não dá para negar que o filme é irregular, mas é algo esperado devido as mais de 5 horas de duração. Ele perde um pouco de força e torna-se arrastado quando foca na relação entre Napoleão e Josefina, algo que dura mais ou menos uma hora. De qualquer forma, são várias as sequências intensas e enérgicas, como uma batalha que acontece à noite em meio a uma chuva torrencial. A trilha sonora composta por Carl Davis em 1979 combina perfeitamente com o que vemos na tela, deixando tudo ainda melhor.
Napoleon é sem dúvida um marco do cinema. Quem tiver a oportunidade (e um pouco de paciência) de assistir certamente vai se sentir recompensado. Épico!
8/10
FICHA TÉCNICA
Napoleon (1927)
Duração: 330 min
Direção: Abel Gance
Roteiro: Abel Gance
Elenco: Albert Diudonné, Vladimir Roudenko, Edmond Van Daële
Info: IMDb
Poderia me dizer como você conseguiu a versão de 5h30 (e se tinha legenda em português, inglês ou espanhol)? 🙂
Marcos, encontrei via torrent (http://kickass.to/), com legendas em inglês apenas!
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