Temos aqui uma comédia romântica nada convencional. Claro que existem risadas e romance, mas quase sempre de uma maneira que foge dos clichês do gênero. A trama tem início com Patrick Solitano (Bradley Cooper) saindo de um hospital psiquiátrico após 8 meses de internamento. Os motivos que o levaram a ser internado são explicados antes da metade do filme, mas prefiro que isso seja surpresa para quem ainda não assistiu, só digo que tem relação com a mulher dele. Patrick sai do hospital com uma forte obsessão de se encontrar com a mulher, mas ele não pode se aproximar dela ou vai preso. Nesse meio tempo, Patrick conhece Tiffany, que também tem sua cota de medicamentos tarja preta.
É tragicômico ver Patrick tendo suas crises de mania, como quando em uma sentada lê um livro de Ernest Hemingway inteiro e irado com o desfecho vai criticá-lo com argumentos proferidos de maneira acelerada para seus pais… às 4 da manhã! Também podemos observar sua condição clínica em suas longas corridas usando um saco de lixo. Ou trata-se de um episódio de mania ou de um verdadeiro atleta. Não é de se espantar que ele não esteja totalmente controlado, já que decidiu abandonar seus medicamentos. De qualquer forma, o transtorno bipolar de Patrick oferece cenas realmente engraçadas, mas outras extremamente dolorosas para quem assiste.
Outro ponto interessante de O Lado Bom da Vida reside nas tentativas do pai de Patrick de se aproximar do filho através dos jogos do Philadelphia Eagles. Robert De Niro se mostra bem à vontade aqui.
O segredo do sucesso de O Lado Bom da Vida está no monstruoso talento de seus atores, mas também em seu roteiro criativo que aborda um tema complexo como doença psiquiátrica e adiciona humor, romance, apostas e futebol americano de maneira divertida e muitas vezes emocionante.
9/10
ps: Atenção pessoas que fazem legendas… QUARTERBACK não é zagueiro!!!
ps 2: Um detalhe interessante, Ernest Hemingway também sofria de transtorno bipolar. Será que foi coincidência o livro lido ter sido dele? Creio que não.
ps 3: DeSean Jackson é um jogador de futebol americano que pode ser considerado um craque-problema. Um de seus lances mais marcantes (negativamente) é repetidamente referenciado em O Lado Bom da Vida. Trata-se de uma jogada em que o touchdown era fácil e certo, mas ele soltou a bola uma jarda antes da linha que marca a end zone para comemorar, ou seja, nada de touchdown. O personagem de Robert de Niro constantemente crítica o filho fazendo alusão a essa jogada de DeSean Jackson.
Mais uma bola dentro de Russell. Como você notou, os atores e a abordagem equilibrando humor, drama e romance tornam algo que poderia ter sido banal em algo especial. Nossa afeição pelo filme cresce à medida que os personagens também vão crescendo.
de acordo! e não demora muito para isso acontecer
Estou bem curiosa para assistir a “O Lado Bom da Vida”. Acho que se trata de um filme bem interessante e emocionante. Só tenho lido bons comentários sobre este filme. O que mais me chama atenção em tudo isso é ver a virada na carreira do David O. Russell. Quem imaginaria que ele iria chegar nesse nível??
É verdade.. mas ele demonstrou competência em 1999 ao dirigir Três Reis, belo filme. Não tem bom quanto este, eu diria…
TRÊS REIS é ótimo. Adoro o filme. Não sou dos maiores fãs de O VENCEDOR, mas confesso que tinha grande elenco. novamente com o elenco indicado em O LADO BOM DA VIDA, Russel prova ser um grande diretor de atores. Estou ansioso para ver este, muito. Espero gostar.
P.S Obrigado pelos esclarecimentos acerca das analogias ao futebol americano, não vou ficar perdido quando assistir ao filme! 🙂
Abraço!
pois é Weiner, enquanto assistia eu ficava impressionado com a importancia que o futebol americano tem para historia… e como é o meu segundo esporte eu curti pra caramba!
tb não gostei tanto de O VENCEDOR, mas vi algumas qualidades
Quando se trata de comédia romântica, acabo preferindo o estilinho clichê mesmo. Mas definitivamente abro uma exceção para um filme em que você tenha dado nota 9/10.
Me interessei mais por esse de ontem pra hoje, já queria ver por tratar-se de uma comédia indicada ao Oscar e hoje li que o De Niro chorou em um programa de entrevistas ao lembrar personagem com distúrbio bipolar, Russel possui um filho assim e De Niro disse saber o quanto ele sofre em relação a isso. A história parece muito rica!
Abraço!