Ao que tudo indica, 2046 é melhor aproveitado por aqueles que já conhecem o cinema do diretor chinês Kar Wai Wong e que, de preferência, assistiram a Dias Selvagens (1990) e Amor à Flor da Pele (2000), pois os três formam uma trilogia. Não foi o meu caso. É inevitável uma sensação de deslocamento quando acompanhamos as primeiras cenas de 2046. Pedimos por um pouco mais de explicações, algo que não acontece, mas isso não significa que a experiência não seja proveitosa, já que em termos técnicos trata-se de uma obra exemplar e que ainda conta com um bom elenco, com grande destaque para Ziyi Zhang.
Chow Mo-wan, um jornalista, está escrevendo uma ficção-científica chamada 2046 enquanto fica hospedado em um hotel importante para ele. Durante sua estadia, passa a se relacionar com algumas vizinhas de quarto.
O sentimento evocado com mais força em 2046 é a melancolia. As histórias de amor aqui representadas possuem um sabor agridoce. Em nenhum momento acreditamos que elas vão acabar bem, algo que se deve principalmente à personalidade distante de Chow Mo-wan. Temos pistas de que ele possui um passado não muito feliz em termos de relacionamentos, mas muito pouco é explicado.
Apesar da falta de um roteiro com mais detalhes, quase tudo é compensado pelo visual refinado e pela trilha sonora que adiciona emoção, principalmente quando investe em uma ópera capaz de causar arrepios. Infelizmente, a primeira coisa que me veio a cabeça ao término do filme é de que faltou algo. Não sei se eu esperava um desfecho mais redondo ou se eu queria conhecer melhor os personagens e suas motivações, mas o fato é que não foi possível evitar uma certa decepção.
7/10
Crítica: 2046 (2004)

Pois é, Bruno, quando acabei de assistir o filme tive a certeza de que seria a última vez. Nada me ficou, além de um sentimento de insatisfação.
Pois é, pra mim tb… de qq forma, graças a parte técnica, fiquei motivado a ir atrás de Amor a Flor da Pele, pelo o que li, o melhor do direitor.
Nossa, eu amo demais esse filme. O que o Kar Wai faz com a câmera lenta, nos momentos certos, é uma coisa de louco. Nunca sei de qual gosto mais, se desse ou de Amor à Flor da Pele, os melhores desse cineasta genial. Todo o clima de romance, misturada com aquela aura de melancolia que aponta para uma narrativa futurista, mas mesmo assim apaixonada, me encanta. Não me importo tanto com histórias necessariamente redondas, bem explicadinhas (embora muitas respostas estejam no filme anterior).
Como você próprio disse, seria importante assistir os filmes anteriores. Com destaque para Amor a Flor da Pele. Particulamente eu acho 2046 inferior, mas longe de ser ruim. Abraço.