Terrence Mallick é um diretor extremamente dedicado. Ele só estreia um filme após uma lapidação intensa, algo que explica o fato de ter lançado apenas 5 filmes ao longo de 40 anos. É permitido não gostar dos resultados finais, mas não dá para negar que trata-se de alguém muito empenhado, que prefere qualidade do que quantidade.
A Árvore da Vida é o trabalho mais ambicioso do diretor. São muitos temas a serem discutidos, simbolismos a serem reconhecidos e inúmeros momentos para serem simplesmente aproveitados. Não me lembro de ter visto um filme que tenha desenvolvido tão bem uma família como Mallick fez aqui. Tudo é visto pelo ponto de vista do filho mais velho, o garoto Jack, desde o nascimento, passando pela infância, até a pré-adolescência, além de o vermos também como um homem feito. O crescimento dele é filmado de maneira ágil e até conseguimos nos sentir na pele dele e dos irmãos quando exploram o mundo ao redor e fazem novas descobertas. O conflito entre Jack e o pai vai crescendo aos poucos, até se transformar em um complexo de édipo. É genial a diferença entre a mãe e o pai na criação dos filhos, sendo este extremamente rígido e disciplinador e aquela excessivamente amorosa. O pai quer ensiná-los a se defenderem do mundo opressor e violento, tentando mostrar que para terem sucesso não podem ser tão bons, mas devem respeitar os outros e não desistir dos sonhos. A mãe prefere mostrar que eles devem amar o próximo e a natureza. Só isso já tornaria o filme memorável, mas Mallick se aprofunda e contextualiza a família dentro de algo mais grandioso: a criação do mundo. Quantas vezes não lemos sobre o Big Bang e tentamos imaginar como tudo aconteceu? Mallick nos mostra isso de uma maneira inesquecível, passando pela explosão, pelos seres unicelulares, dinossauros, era glacial e tudo o mais, até o nascimento de Jack. Ambicioso, visualmente empolgante, poético e filosófico. Por mais que a morte de um membro da família seja uma desgraça insuperável, numa visão universal isso representa alguma coisa relevante? A resposta é dolorosa e injusta, mas não há nada para se fazer a respeito.
Eu estava prestes a sair do cinema extremamente feliz por ter presenciado uma obra-prima, capaz de rivalizar com grandes filmes do passado, mas o final me desanimou. A visão da vida após a morte de Mallick torna o desfecho arrastado e cansativo. Fica claro que ele quis fechar o ciclo, mas faltou brilho, ainda mais quando comparado com o que vimos antes.
8/10
Ah, Bruno, eu me emocionei tanto naquela cena da praia. De verdade, estava em êxtase, não achei cansativo. Acho que ele quis trazer para o lado pessoal mesmo. Mas, entendo quando você reclama da falta de brilho.
amanda, por isso que deixei claro que trata-se de uma opinião minha… tb entendo perfeitamente que muitos tenham gostado do desfecho!
de qualquer forma, é um grande filme.
Ainda não assisti a este filme. Queria tanto que ele estreasse em minha cidade… 😦
sorte que aqui ficou por um tempinho… se não ia perder-lo.
Não me conformo de ainda não ter visto esse filme! Sei que vai perder MUITO visto em casa. Enfim…
é… acho que fica bem melhor no cinema!
Entendo que não gostou muito do desfecho, mas achei aquela cena final linda. Sobre o filme, é complexo, mas uma belíssima experiência, especialmente visual. È preciso deixar a mente aberta para entender as intenções de Malick com esse filme, por isso a ambição. 😉
é mayara, não nego que foi uma cena bonita, sim!
e é dificil absorver tudo o que o mallick quer passar, mas isso é uma tarefa muito bacana…