Planeta dos Macacos: A Origem mostra os fatos que marcaram o início da revolução símia e da ruína do ser humano como espécie. Além de funcionar como uma prequel do filme de 1968, este trabalho de Rupert Wyatt é também um reboot, pois a série antiga, em suas continuações, oferecia algumas explicações diferentes das vistas aqui.
Sempre fui um grande fã da franquia e achava que não havia como extrair mais uma boa história dela, ainda mais depois da confusa versão de 2001 de Tim Burton.
Eu estava errado. O diretor Rupert Wyatt, os roteiristas Rick Jaffa e Amanda Silver e o ator Andy Serkis, realizaram um blockbuster que impressiona do começo ao fim, com uma mistura certa de ficção científica, cenas intimistas e ação de qualidade. Eles provaram para mim e para vários outros desconfiados fãs dos filmes antigos que ainda existe muita coisa boa para aproveitar deste fascinante material, criado pelo escritor francês Pierre Boulle.
O roteiro é dividido em duas partes igualmente eficientes. Na primeira, há o desenvolvimento do personagem principal, o macaco Caesar e tudo o que está relacionado a isso, como a tentativa de Will Rodman de desenvolver a cura para o Alzheimer, motivado pela atual situação do pai. Tal medicamento se revelou nocivo para os humanos e extremamente benéfico para os macacos, melhorando a cognição dos animais de uma maneira sem precedentes. A segunda parte é uma autêntica fuga da prisão, com cenas de ação impressionantes tanto pelos efeitos especiais como pela carga emocional transmitida.
A primeira parte funciona tão bem graças a Andy Serkis, que tornou-se especialista na técnica do motion capture. Seus trabalhos como o Gollum de Senhor dos Anéis e em King Kong foram extremamente elogiados e em Planeta dos Macacos ele se supera. A composição de Caesar fascina pelos detalhes de seus olhos e suas expressões faciais. Com esses recursos, Serkis passa com clareza os sentimentos do personagem, possibilitando a criação de uma forte empatia com o público e dessa forma entendemos suas motivações e torcemos por ele.
O arco narrativo de Caeser é rico. Acompanhamos com muito gosto a evolução dele, desde seu amor incondicional pelo dono (ou pai?) e sua ingenuidade, até o seu crescimento mental e a percepção de que a raça humana é cruel por natureza. Não tem como não se emocionar em alguns momentos, como na cena em que Caesar tenta deixar o ambiente do mini-zoológico um pouco mais parecido com sua antiga casa ao desenhar uma janela na parede ou quando ele finalmente utiliza suas cordas vocais. Sinceramente, ouvir Caesar gritando “Não!” é como presenciar as consequências de uma bomba atômica. Toda a raiva reprimida e a decepção em relação a humanidade são botadas para fora com essa palavra.
Como se isso fosse pouco ainda temos a maravilhosa cena de ação no embate entre macacos e seres humanos na Golden Gate Bridge. É uma descarga adrenérgica que dura uns 30 minutos e nos proporciona taquicardia, pupilas dilatadas, aumento da frequência respiratória e uma incrível vontade de levantar da cadeira e torcer por Caesar e seus companheiros contra a nossa própria espécie. É incrível como o roteiro e Caesar vão nos conquistando aos poucos. Mais um motivo para admirá-lo é perceber suas noções de nobreza e honra, como quando ele tenta evitar derramamento de sangue e mortes inúteis. O fato é que os macacos cansaram e querem liberdade, querem viver no lugar deles por direito e não em mesas de laboratório. Ficar na frente de macacos inteligentes e nervosos não parece ser uma boa.
Algumas críticas negativas que li reclamavam da falta de crítica social, algo que foi muito bem trabalhado no filme de 1968. A crítica social realmente não é o forte o aqui, principalmente pela falta de sutileza, mas essa não é a função do filme.
Planeta dos Macacos: A Origem agrada tanto aos fãs da série como aqueles que esperam qualidade de um blockbuster.
Em um mundo justo, Andy Serkis deveria ser reconhecido pela sua competência e esforço. Uma indicação ao Oscar seria um ótimo começo.
9/10
“Planeta dos Macacos: A Origem agrada tanto aos fãs da série como aqueles que esperam qualidade de um blockbuster.” – Disse tudo aqui, Bruno. O filme é muito bem estruturado, Andy Serkis arrasa no papel de Caesar e ouvir aquele “não” arrepia.
bjs
Verdade Amanda… se no filme de 68 o maior impacto foi aquele final, acho que nesse foi justamente o NÃO do nosso amigo simiio Caeser!!
Eu ainda não consegui assistir a este filme… 😦 Mas, acho que consigo um tempo amanhã para fazer isso. Estou curiosa para ver a performance elogiadíssima do Andy Serkis.
Quero ler o seu review, hein!!
Uau, acho que preciso assistir esse filme no cinema!
Olha, fiquei tão empolgado que penso em ir ver de novo!
Os comentários sobre este tem sido ótimo, vou conferir em breve.
Aproveite enquanto tá no cinema.
Uma obra prima do cinema, melhor filme do ano.