Muitas vezes vamos ao cinema para esquecer um pouco da nem sempre agradável realidade. Funciona como um tipo de evasão momentânea e se o filme tiver mensagens positivas, melhor ainda. Bem, não é o que ocorre com Biutiful.
O novo filme de Iñarritu é um retrato pesado do mundo em que vivemos. O diretor não esconde a pobreza e os aspectos degradantes de uma cidade grande e bonita, que é Barcelona. Como personagem principal dessa aventura pelo “submundo” temos Uxbal (Javier Bardem). Os problemas que ele enfrenta para conseguir dar de comer aos filhos não são poucos. Ele ajuda senegaleses que vendem produtos falsificados pelas ruas da cidade e trabalha como um mediador entre um construtor e vários chineses ilegais, tratados como mão de obra quase escrava.
Uxbal também tem que se relacionar com a ex-mulher bipolar e prostituta , além do irmão, que não é exatamente flor que se cheire.
Para completar essa situação complicada, Uxbal descobre que está com câncer em estágio terminal. Restam a ele 2 meses de vida.
Uxbal não é uma pessoa ruim. Ele tenta fazer o que pode para ganhar dinheiro. É um sobrevivente de um mundo caótico e opressivo.
Sugiro uma forte preparação psicológica quando for assistir a este filme. O mundo em que vivemos está repleto de coisas boas, mas elas não são mostradas aqui. O que te espera em Biutiful é uma motanha-russa de sofrimento e angústia.
Javier Bardem está excelente, nos capturando para aquela situação de uma maneira irreversível. Em pouco tempo, compartilhamos com o personagem tudo o que se passa e torcemos para que ele consiga aparar as arestas da vida antes de partir.
O que podemos tirar de positivo aqui é a luta de Uxbal para tentar melhorar um pouco a vida dos filhos. Isso me fez lembrar de A Estrada, que mostra um pai fazendo de tudo para proteger o filho. A única cena do filme que possui uma fotografia mais colorida, trazendo uma sensação mais agradável, é aquela em que Uxbal, a esposa e os dois filhos estão sentados comendo sorvete. E só.
Esse clima mais leve dura pouco. Várias situações agoniantes nos aguardam. Não consigo tirar da cabeça uma cena que começa de maneira inocente, com uma vista para o mar ao nascer do sol e acaba de um jeito terrível.
Iñarritu mais uma vez trabalha com a morte, assunto delicado que permite várias abordagens dependendo do que você acredita ou não acredita. Biutiful é ainda mais carregado do que 21 Gramas e mais direto também, já que ele não ousa em termos de estrutura narrativa, apesar de ter uma ótima rima entre o começo e o desfecho. É um choque de realidade para ser admirado e temido.
IMDb
Para mim, Iñárritu já havia feito obras-primas sobre o assunto em sua trilogia do sofrimento com Arriaga. Aqui ele mal consegue se virar sem o roteirista, e seu texto falha em estrutura e plausibilidade. Você destacou a fotografia, e ela é certamente a melhor coisa do filme, junto com a direção de arte, ambas ajudando a criar todo o clima da história. Aliás, há ainda aquele detalhe da taxa de proporção de tela da cena inicial e dos momentos finais, que são em 2.35:1, mais ampla, enquanto o resto do filme é numa taxa menos ampla, mais ‘sufocante’, em 1.85:1, estética que achei interessantíssima. A trilha de Santaolalla também pontua bem diversos momentos. Meu problema ficou mesmo com a trama. Infelizmente, não me envolveu como as outras do diretor. Para mim, ficou a desejar, embora não ache um filme ruim. 5/10 ou 3/5
Qual o problema em relação a plausibilidade?
Acho que, como o Weiner disse, na tentativa de lançar mais e mais tragédias sobre o personagem, o filme soa forçado. Gostei de Bardem, da fotografia, da trilha e da direção de arte. Mas, enquanto história, não conseguiu ser envolvente.
Ainda não assisti ao filme, mas seu comentário é, de longe, o melhor que li sobre a obra.
Opa!! Valeu Kamila… tô no aguardo dos seus comentários a respeito do filme qdo assistir.
Interessante sua comparação com A Estrada, Bruno. Realmente, é um filme forte mesmo. Para ser admirado e temido como você bem definiu.
bjs
Ele causa uma angustia… por isso escrevi esse “temido”.
Me veio na hora A Estrada, não sei se fui só eu…
Bjos!
Sinto falta do velho Iñarritu – mas, gostei desse filme, Javier está fantástico e realmente merece aquela indicação.
Merece mesmo. Grande ator.
Tava todo mundo dizendo que o filme nao é bom. Seu texto valeu para eu me animar em assistir. Gosto bastante das atuações de Bardem…
Abs
Ele não costuma decepcionar!!
o único filme da corrido do Oscar que ainda não tive a oportunidade de ver, estou ansioso para conferir.
Vale a pena.
Seu texto me deu ânimo, fôlego, pra querer ver!
Espero que não se decepcione!
Quero muito ver esse filme, mas não consigo achar ele em uma sessão me agrade. Seu texto realmente é muito bom e me convenceu que vale a pena arriscar! Irei e voltarei aqui pra comentar!
Quero muito ver esse filme, mas não consigo achar ele em uma sessão me agrade. Seu texto realmente é muito bom e me convenceu que vale a pena arriscar! Irei e voltarei aqui pra comentar!
Valeu!
Quero ler seus comentários. Abraços.
Fiquei surpresa com a indicação do Javier, que é um dos motivos que quero assistir a esse filme, ainda mais falando na lingua-materna dele.
Beijos! 😉
O Bardem tá com moral né!
Bjos.
Que me perdoe o Colin Firth e a academia, mas que o Javier Bardem merecia o Oscar de melhor ator esse ano, merecia (de longe). Mas infelizmente eles têm de corrigir o erro do Direito de Amar, quando o Colin não levou.
Concordo inteiramente… Firth merecia muito por Direitor de Amar… esse ano eu acho que o mais justo era o Bardem levar.
Não lide tão bem com a desgraceira de “Biutiful”, achei até apelativo por vezes – o que jamais chega a prejudicar a performance excepcional deste grande ator, Javier Bardem. Eu indicaria Biutiful sem medo, se aguém quiser ver uma atuação relevante, notável, inesquecível. Sem Bardem, porém, não seria um décimo do que é.
Mas gostei de sua visão, uma das primeiras que distribuiram honrarias a este filme. Defendeu bem sua opinião, e se já não tivesse visto, certamente quereria ver após ler o seu ótimo texto.
Valeu Weiner!!!
Eu tb acho que o Bardem é o filme, mas o restante tb me encanotu bastante!
Abraços.
Bruno, ’21 Gramas’ foi um dos filmes mais deprimentes a que assisti. Não consigo imaginar algo mais forte. Como prefiro chorar em casa do que em público, certamente vou esperar o lançamento na locadora. Depois do seu comentário, já sei que é um bom filme.