Este drama histórico dirigido por Tom Hooper é dono de qualidades técnicas invejáveis. Tudo está no lugar certo, desde o figurino e direção de arte que recriam com perfeição o período representado, como a fotografia de Danny Cohen e a trilha sonora precisa de Alexandre Desplat. Tudo seria em vão se o filme não tivesse uma alma e ela pode ser encontrada nas ótimas atuações do elenco, principalmente o cada vez mais competente Colin Firth e o sempre ótimo Geoffrey Rush. Colin Fith interpreta Bertie (apenas para os íntimos), o futuro Rei George VI. Sua posição o obriga a falar com os cidadãos constantamente, mas ele é dono de uma gagueira homérica. Para ele, ficar diante de um microfone traz a mesma sensação de ter uma arma apontada para a própria cabeça. Lionel Logue (Rush) é quem vai ajudá-lo a tentar superar o problema.
O grande acerto está na química entre os dois atores e no amadurecimento de uma amizade improvável, afinal, trata-se de um nobre e um mero plebeu. O humor acontece de maneira natural. Ainda bem que os momentos mais engraçados não estão no trailer. Em termos de direção o ague está na construção do clímax. Tom Hooper cria um clima extremamente tenso, trabalhando muito bem com as emoções do público. Meu problema com O Discurso do Rei é o fato dele parecer ter sido construído para conquistar prêmios, abusando do nosso lado sentimental de uma maneira meio artificial. Certo, é um feel good movie histórico, mas não parece estranho que uma gagueira tenha mais importância que a Guerra em si, algo que o filme parece transmitir em seu desfecho?
IMDb
Não acho o filme artificial, nem que queira transparecer isso. “Feel good movie” histórico? Nem tão pouco.
Gostei do filme, achei de uma qualidade técnica e interpretativa excepcional – além disso, há inspiração em Colin Firth e Geoffrey Rush é um contraponto perfeito. Não esperava muito do filme, por isso achei o saldo positivo.
Vou adorar se ele papar todos os prêmios principais no Oscar 2011.
Amém!
abraço
Hummm, comentário interessante diante da festa que estão fazendo para ele. Só vendo para constatar…
bjs
Cristiano, ele é sim um feel good movie histórico, mas não disse isso de maneira pejorativa, é um elogio. Quem não gosta de sentir uma vibe boa ao ver um filme, certo?
Só que o filme não me conquistou totalmente, apesar de ter muita qualidade!
Abraços.
Eu realmente espero algo que possa chamar no minimo de “ótimo” desse filme ;D
Sim, eu me levei a mesma pergunta. A sinopse me pareceu meio boba, mas estou mto curiosa pra ver por conta do elenco e de sua “fama” por aí.
Bjs
Mantém o foco num problema pessoal de um rei que foi visto por muitos como incapaz e revelou-se algo maior. Tom Hooper tem uma direção curiosa, pois assiste aos dramas do personagem sem ser piegas – e a atuação de Colin nos aproxima do personagem sem promover choradeiras, eventualmente compaixão. O roteiro em si, porém, chega a ser fraco, se fixa somente na gagueira para manter 2h de projeção, ficando por vezes aborrecido. Quero revê-lo antes de me pronunciar mais profundamente, mas desde já concordo que é um filme feito para abocanhar prêmios – e pelo visto uma nova injustiça vem aí. TSN provavelmente perderá o Oscar para um filme que é pior.
Adoro dramas britânicos e tenho tudo para AMAR este filme!
É sem dúvidas um dos melhores filmes da temporada.
Tem qualidades técnicas invejáveis como vc mesmo disse, mas o que se destacou foi o roteiro. Ele mistura drama e comédia de maneira impecável conquistando o espectador com ótimos diálogos. Além disso, tem uma bela direção de Tom Hooper e um elenco maravilhoso. A dinâmica entre o trio (Firth, Carter e Rush) foi incrível de assistir. Vitória merecida no SAG!!!
Ainda não assisti, mas quero conferir! Acho que vou gostar mais que tu pq sou fã de dramas britânicos!! 3 estrelas não é muito pouco???
Que besteira, é claro que a gagueira tem mais importância que a guerra, pelo menos no contexto do excelente roteiro do filme.
Mas não deveria ter.
O foco na gagueira é a grande sacada do filme. Se focassem na guerra diriam que era mais um. Vai entender esses críticos…
O Mari… valeu pela visita. Bom, primeiro eu não sou critico não.. apenas gosto de cinema e escrevo sobre alguns filmes.
Eu sei que a gagueira é a essencia do filme, mas eu reclamo pelas cenas finais… o povo todo feliz pq o rei conseguiu falar, mas o fato é que eles acabam de entrar na guerra. que felicidade há nisso?
Taí um ponto de vista que eu ainda não havia enxergado. Realmente, ao entrar em uma guerra o menor dos problemas será a gagueira do rei…
Parabéns pelo texto.
Talvez tenha sido uma válvula de escape. Além do mais ninguém deixará de rir ou se emocionar ou sentir fome ou sede ou fome ou amor ou ódio por causa de uma guerra. A vida continua e o ser humano se adapta rapidamente ao seu ambiente. Eu não assisti ao filme ainda, mas espero ter essa impressão ao fazê-lo.
Eu sou um dos poucos que não gostaram do final… me pareceu meio forçado, talvez eu estivesse de mau humor no dia e me deixei influenciar, quem sabe?
Vou ver outra vez para atestar isso!
A felicidade encontra-se justamente no fato de o povo ter sentido confiança no seu líder. Eles não ficaram felizes por estarem em guerra, mas por sentirem q não estão desamparados nesse momento tão dificil. O próprio rei fala que é a voz daquele povo, então ele deve falar com a firmeza necessária. A conquista do discurso ‘perfeito’, é o resultado de uma vitoria do seu lider. Se ele foi capaz de superar uma gagueira pra poder transmitir segurança aos súditos, isso pode ser interpretado como um fiapo de esperança.
Bonitas e verdadeiras palavaras, Helena… o filme transmite essa ideia, mas eu não tive a sensibilidade suficiente para aceita-la. Numa próxima vez eu assistirei ao filme com outros olhos.
Agradeço pelo comentário!
Ok, constatei o que te incomodou. A gente fica tão preocupado em ele não gaguejar que nem se dá conta de que é um discurso de início de guerra. O filme consegue fazer isso com a gente. Incômodo, sim, mas, ao mesmo tempo brilhante por isso, já que ele consegue. hehe. Achei um filme bonito, tecnicamente muito bem feito e com interpretações belíssimas.
bjs
Amanda, o meu problema foi esse!!! Pensei a longo prazo e não no fato dele ter conseguido falar… mas de qq forma, é um lindo filme sim!!
Vi o filme hoje, 24/2/11, e li as criticas, algumas elogiosas, outras nem tanto. A impressão que tive ao terminar de ver o filme foi que a gagueira do rei se sobrepos à tragédia da guerra que está prestes a eclodir, mas ressalvo que a intenção do diretor era justamente essa ao contar uma história de superação, já que a gagueira atormentava o futuro rei desde os 4 anos de idade. Não é um filme sobre a guerra em si. E sim sobre a batalha de um homem que se vê lançado num cipoal de responsabilidades e deveres sem estar preparado psicologicamente. Essa é a tônica do filme. Respeito as opiniões contrárias, mas o filme me emocionou como há muito não acontecia.
É verdade Celso, nisso o filme acerta inteiramente. O problema é que eu não consigui me emocionar como gostaria com essa situação, por isso não me entusiasmei muito com o que vi. Claro, as atuações de Colin Firth e Geoffrey Rush merecem todos os elogios, isso não tem como negar!
Abraços!
Meu caro Bruno,
Também tive o prazer de assistir há poucos dias “O Cisne Negro”. As opiniões não são unânimes, desfavoráveis por parte daqueles que tinham a expectativa de assistir a um belo filme sobre balé. Esses sairam frustrados do cinema, porque o foco não era o balé, mas o drama vivido pela personagem que encarna o Cisne Negro, reprimida sexualmente e tutelada por uma mãe obsessiva e dominadora. Essa é a tônica do filme, não o balé. Da mesma forma, em O Discurso do Rei o diretor aborda a guerra “en passant” , embora um fato concreto e terrível, para potencializar o sofrimento do personagem diante da necessidade de se comunicar com seu povo. Acho que podemos encerrar as nossas reflexões sobre o assunto, muito interessantes e enriquecedoras.
Um abraço.
Celso.
Celso, sua comparação foi ótima. Ter isso em mente é a maneira certa de se assistir ao Discurso do Rei, com certeza.
Sempre que quiser comente por aqui!
Abraços.
Adorei o filme, ele deixa bem claro as dificuldades que o rei George VI, por ser gago e não conseguir discursar para seu povo. Pelo contexto histórico da época com a eclosão da 2ª guerra teria que ser persuasivo e enfático no seu discurso. O filme torna-se tombem interessante pelo fato de um plebeu sem uma formação especifica possuir uma metodologia revolucionaria no tratamento dos distúrbios da fala que convence o rei e ajuda-o a superar suas dificuldades.